
Um episódio delicado, cercado de surpresa e atenção médica, revela os desafios da saúde íntima na terceira idade
Na última segunda-feira, 5 de junho, a cidade de Itaperuna, no Noroeste Fluminense, foi palco de um caso que chamou a atenção tanto da comunidade médica quanto dos moradores da região.
Uma mulher de 70 anos precisou ser internada com urgência após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) local com um corpo estranho na região genital.
O incidente, que inicialmente surpreendeu até mesmo os profissionais de saúde, rapidamente ganhou repercussão por sua natureza incomum — e por levantar debates importantes sobre saúde íntima, sexualidade na terceira idade e cuidados com o corpo.
Segundo informações apuradas pelo portal Ururau, a idosa procurou atendimento médico após tentar, por meios próprios, introduzir uma cenoura no canal vaginal. Durante o ato, o legume acabou se partindo, ficando preso internamente e provocando dores intensas, o que levou a paciente a buscar ajuda especializada.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado e prestou socorro imediato, conduzindo a mulher à UPA de Itaperuna. Diante da gravidade do quadro, a equipe médica decidiu pela transferência da paciente ao Hospital São José do Avaí, onde uma equipe cirúrgica realizou o procedimento de retirada do objeto.
A intervenção cirúrgica foi conduzida com sucesso. Apesar do risco de complicações, como perfurações, infecções ou danos internos, a operação transcorreu sem maiores incidentes. A paciente encontra-se em processo de recuperação, com quadro estável e acompanhamento médico contínuo.
Segundo fontes do hospital, o procedimento demandou cuidados específicos devido à idade da paciente e ao local sensível atingido. A rápida atuação dos profissionais foi essencial para evitar danos maiores à saúde da idosa.
Embora o caso tenha repercutido de forma surpreendente, ele traz à tona uma série de questões muitas vezes negligenciadas na sociedade, especialmente em relação à terceira idade:
Sexualidade na velhice: A longevidade traz novos desafios, inclusive no âmbito da sexualidade. Muitas vezes, idosos continuam ativos sexualmente, mas não recebem a devida orientação sobre práticas seguras e saudáveis.
Tabus e silêncio: A vergonha ou o receio de falar sobre saúde íntima pode levar pessoas a recorrerem a métodos inadequados, como no caso da introdução de objetos não recomendados.
Falta de informação: O acesso limitado à educação sexual e a ausência de acompanhamento ginecológico regular também são fatores que contribuem para situações como essa.
Especialistas defendem que falar abertamente sobre esses temas é essencial para promover o bem-estar físico e psicológico dos idosos, prevenindo riscos e incentivando práticas mais saudáveis.
Casos como este mostram a importância de uma rede de saúde preparada para lidar com situações inusitadas sem julgamento, com acolhimento e profissionalismo. A UPA de Itaperuna e o Hospital São José do Avaí demonstraram eficiência e ética no atendimento, proporcionando à paciente o cuidado necessário.
Além disso, esse episódio ressalta a urgência de campanhas de conscientização sobre sexualidade responsável em todas as faixas etárias, inclusive na terceira idade, muitas vezes esquecida nessas discussões.
Apesar de alguns comentários jocosos em redes sociais, especialistas alertam para a necessidade de tratar o assunto com seriedade.
O risco de infecção, hemorragia e danos internos é real, e o uso de objetos inadequados para fins íntimos pode levar a consequências graves.
É fundamental compreender que a sexualidade faz parte da vida humana em todas as fases — e que, com orientação e respeito, é possível viver esse aspecto com segurança, dignidade e prazer, independentemente da idade.
O episódio envolvendo a idosa de Itaperuna é, antes de tudo, um chamado à reflexão. Por trás de um caso considerado inusitado ou até embaraçoso, existe uma pessoa, uma realidade e um contexto que precisam ser compreendidos com empatia.
Em tempos em que a medicina avança e a expectativa de vida cresce, garantir qualidade de vida — inclusive sexual — passa pela informação, prevenção e abertura para o diálogo. A saúde íntima na terceira idade não deve ser um tabu, mas um direito.