Leão 14 expressa desaprovação ao ensino de questões de gênero e critica a ideia de “família alternativa”
Considerado um ‘digno meio termo‘ por aqueles que o conhecem, o papa Leão 14, 69, é o primeiro pontífice de origem norte-americana. Ele, que também possui nacionalidade peruana, foi eleito e apresentado ao mundo na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Como é e o que pensa o novo papa
Comprometido com os pobres e os migrantes, suas opiniões são pouco acolhedoras em relação à comunidade LGBT. As informações são do jornal norte-americano The New York Times, que relembrou entrevistas e ouviu também o Reverendo Michele Falcone, 46 anos, um padre da Ordem de Santo Agostinho, que já foi liderada pelo Cardeal Prevost.
O norte-americano já expressou pesar pelo apoio e “simpatia por crenças e práticas que estão em desacordo com o Evangelho“. Em 2012, ele mencionou o “estilo de vida homossexual” e “famílias alternativas compostas por parceiros do mesmo sexo e seus filhos adotivos“.
Como bispo no Peru, ele se opôs a um projeto do governo que pretendia incluir ensinamentos sobre gênero nas escolas. “A promoção da ideologia de gênero é confusa, porque busca criar gêneros que não existem“, declarou ele à imprensa local.
Mais reservado que Francisco, Prevost é descrito como alguém discreto. “Ele não tem excessos“, afirmou o Padre Falcone. “Abençoar bebês, sim. Pegá-los no colo, não.” Sua comunicação é “mais serena“, disse o Reverendo Alejandro Moral Antón, sucessor do Cardeal Prevost como líder agostiniano.
Além disso, enquanto seu antecessor costumava expressar suas opiniões rapidamente, o novo papa “se contém um pouco“, acrescentou o Padre Moral Antón.
‘Encontrar as pessoas onde elas estejam‘. No ano passado, ele comentou ao site oficial de notícias do Vaticano que “o bispo não deve ser um pequeno príncipe sentado em seu reino“, pois um líder da igreja é “chamado autenticamente a ser humilde, a estar próximo das pessoas a quem serve, a caminhar com elas, a sofrer com elas“.
Novo papa criticou governo Trump e apoiou Francisco em questões sociais. O novo papa já fez críticas abertas ao governo de Donald Trump e tem um profundo conhecimento sobre Brasil e América Latina.
‘Deportação irregular‘: último post de Prevost é uma crítica a Trump e Bukele. No texto compartilhado, o novo líder da Igreja Católica questiona a deportação irregular de Kilmar Abrego Garcia, cidadão salvadorenho residente nos EUA.
Reforma revolucionária foi presidida por Prevost enquanto cardeal. O colunista Jamil Chade do portal UOL lembrou que ele adicionou três mulheres ao grupo responsável pela votação sobre quais indicações de bispos devem ser enviadas ao papa. No início de 2025, Francisco reafirmou sua confiança em Prevost ao escolhê-lo para o cargo mais alto entre os cardeais.
O que ocorreu
O novo papa adotará o nome de Leão 14. O anúncio foi realizado pelo cardeal Dominique Mamberti em latim, respeitando a tradição da Igreja Católica. “Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam” (“Anuncio-vos uma grande alegria: temos um papa“), declarou ele.
Nascido em Chicago, tornou-se chefe do influente Dicastério para os Bispos, responsável por nomear bispos globalmente, em 2023. Antes de ser ordenado padre aos 22 anos, formou-se em matemática.
Primeira aparição e bênção
Após aparecer na sacada, o novo papa realizará a bênção “urbi et orbi” (à cidade e ao mundo), direcionada aos fiéis que se reuniam em frente à Basílica de São Pedro.
Quem é o novo papa
Além de ser norte-americano, ele também possui cidadania peruana, adquirida em 2015. O cardeal chegou ao Peru como um jovem missionário agostiniano e partiu do país andino como bispo rumo ao Vaticano, tornando-se uma figura central na administração do papa Francisco.
Prevost passou um terço de sua vida nos Estados Unidos. O restante do tempo foi dividido entre a Europa e a América Latina, uma das regiões menos favorecidas do mundo, de onde também era natural Jorge Mario Bergoglio, o argentino.
Arcebispo emérito de Chiclayo, localizado a cerca de 750 quilômetros ao norte de Lima, Prevost deixou o Peru para integrar o governo do Vaticano. Nesse papel, liderou o Dicastério para os Bispos, que desempenha uma função relevante ao aconselhar o papa sobre as nomeações dos líderes da Igreja.
Após a morte de Francisco, Prevost comentou que ainda havia “muito a realizar” na transformação da Igreja. “Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje, em que a Igreja vive, não é o mesmo que o mundo de 10 ou 20 anos atrás“, afirmou ele no mês passado ao Vatican News.
A mensagem é sempre a mesma: proclamar Jesus Cristo, proclamar o Evangelho, mas a maneira de alcançar as pessoas de hoje, os jovens, os pobres, os políticos, é diferente disse Robert Francis Prevost.
Votação na Capela Sistina
O total de votos recebidos pelo nome escolhido não foi revelado. No entanto, para ser eleito, é necessário obter pelo menos 89 votos – o que corresponde a dois terços dos 133 cardeais votantes.
Sete brasileiros participaram da votação: Dom Paulo Cezar Costa (57), Dom Leonardo Ulrich Steiner (74), Dom Odilo Scherer (75), Dom Jaime Spengler (64), Dom Sérgio da Rocha (65), Dom Orani Tempesta (74) e Dom João Aziz (77).
Novo papa Leão XIV é agostiniano: entenda o que isso significa
A comunidade agostiniana, à qual pertence Leão 14, o novo papa, é um dos segmentos mais antigos da Igreja Católica. Fundamentada na vida e nos ensinamentos de Santo Agostinho, ela combina uma espiritualidade intensa com um forte compromisso intelectual e social. Leia mais!
